Um fantasma chamado Fake News - crônica (2017)
- Esther Zancan
- 5 de mar. de 2018
- 2 min de leitura
Uma breve visita ao dicionário nos explica o significado de um costume que, por mais condenável que seja, está arraigado na sociedade: o boato. “História ou notícia que se divulga sobre alguém ou alguma coisa, sem se poder constatar a sua origem ou veracidade”.
Em tempos de redes sociais, esse hábito tão humano, que em outras épocas causava estragos localizados, agora desconhece fronteiras e usa da instantaneidade para fazer suas vítimas. Estamos falando das “fake news”.
“Notícias falsas, publicadas e divulgadas de modo a enganar o público, atendendo a algum interesse escuso”. A definição de fake news é até simples, mas o problema possui raízes bem mais profundas.
É fato que a maneira como consumimos informação sofreu uma alteração drástica nos últimos tempos. O Facebook é como se fosse um cardápio de opções de notícias, mas que ao invés de nos instigar a ir até o site referido, nos faz preguiçosos em sair da plataforma e continuamos ali, naquele feed que parece feito para nós.
Não só parece, ele é baseado em nossa visão de mundo. Os algoritmos do Facebook e do Google filtram a informação que chega ao internauta e acaba expondo apenas as ideias que lhe são palatáveis, rejeitando argumentos contrários. Um terreno em que não há espaço para o pensamento contraditório, que é uma das molas mestras da democracia, é fértil para as fake news. Qualquer notícia que atenda aos pré-requisitos do algoritmo irão parar em nosso feed. A isso se dá o nome de Efeito do Filtro Bolha, conceito criado por Eli Pariser, conhecido empreendedor e ideólogo da internet, autor do livro “O Filtro Invisível – O que a Internet Está Escondendo de Você”, publicado em 2011.
Pessoas mal-intencionadas usam desse efeito bolha para disseminar informação falsa, que vai sendo compartilhada e acaba por formar a teia de desinformação. Títulos sensacionalistas são suas principais armas. Aos usuários leigos fica a dica de ser cético, evitar sites desconhecidos, ler toda a matéria, não apenas as chamadas; conferir a data de publicação e ficar atento a erros grotescos de ortografia.

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