O avestruz pistola representaria melhor a seleção - para o site Torcedores
- Esther Zancan
- 20 de jul. de 2018
- 2 min de leitura
A Copa da Rússia teve seu ponto final neste domingo (15). Pode não ter sido o melhor Mundial de todos, mas superou as expectativas. Expectativas essas que não eram tão altas, muito pela ausência da tetracampeã Itália e da Holanda, que tem a tradição de sempre assustar, apesar de seus três vices. A impressão que dava é que seria uma Copa “manca”.
A queda dos campeões Alemanha, Espanha e Argentina precocemente fez aumentar essa sensação. Mas ao fim, parece que a inédita final entre França x Croácia serviu como a cereja do bolo. O placar elástico, algo que não se via desde 1970; uma França que, se não é sensacional, se mostrou extremamente eficiente; e uma Croácia que acreditou até o último momento, fez desta final a melhor em muitos anos.
Se a Copa termina bem, o mesmo não se pode dizer da Seleção Brasileira. A queda nas quartas-de-final diante da propalada “geração belga”, por um placar “normal”, deu a falsa impressão que fomos melhores que em 2014. Não fomos. Números não mentem: 6º lugar em 2018, 4º lugar em 2014. Se não passamos a vergonha do 7×1, por outro lado, quando o árbitro apitou o fim do embate contra a Bélgica, somamos 20 anos sem títulos mundiais. Algo que pode ser considerado normal para a maciça maioria dos países, mas não para o Brasil e sua soberba futebolística.
Grande parte da torcida se apega a picuinhas para aplacar esse vazio: “Ah, mas a Argentina tá 36 anos na fila”, “Ah, mas a Alemanha caiu na primeira fase”. Falar mal do gramado do vizinho não matará as pragas que tomaram conta do nosso.
O Mundial da Rússia escancarou uma dura realidade: não aprendemos nada com o 7×1. Pior. Não só jogadores, comissão técnica e a CBF não tiraram lição daquilo. Quem menos aprendeu com a maior vergonha de nosso futebol foram os torcedores e a tal “mídia”.
O Canarinho Pistola até pareceu, em um primeiro momento, um símbolo de uma nova atitude da torcida e da imprensa especializada. Ledo engano. O avestruz ilustraria melhor. A maioria preferiu enfiar a cabeça na terra e achar que a derrota para a Alemanha foi apenas um acaso do destino. Cometeram os mesmos velhos erros. Evocaram lembranças de 50, 60 anos, achando que apenas um jogador seria capaz de trazer o hexa. Despejaram sua prepotência ao mundo lembrando a cada minuto que somos penta e esquecendo que, por mais que isso seja motivo de orgulho, não serve para barrar o futuro.
E o futuro está aí. Uma Europa cada vez mais dominando o futebol mundial. O ocaso do futebol sul-americano. Uma bicampeã do mundo mostrando sua eficiência com um time, não um salvador da pátria. Novos nomes, como Bélgica e Croácia, chegando “lá”, um “lá” que o brasileiro ainda acha que só ele tem o direito de estar.
A vida deu um “sacode” no Brasil em 8 de julho de 2014. Era a chance da virada. Não aproveitamos. Talvez agora a vida escolha o tempo para ensinar, como escolheu entre 70 e 94.
E, o que se anda ouvindo nesses dias pós-derrota verde e amarela, não leva a crer que no Catar será diferente. Só ficar “pistola” não está adiantando nada. Ninguém mais se assusta com caretas brazucas.
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